A eficiência dos fluxos hospitalares garante a segurança do paciente e a sustentabilidade operacional dos serviços de saúde. Estrutura física, equipes profissionais e processos são organizados para acondicionar todos os fluxos hospitalares de pessoas, equipamentos, materiais e medicamentos a serviço do paciente.
O que é fluxo hospitalar?
Fluxo hospitalar diz respeito ao todo processo de atendimento dos pacientes enquanto presentes no centro de saúde, ou seja, desde o momento dão entrada até que são atendidas e liberadas.
Os fluxos hospitalares são temas recorrentes de projetos de inúmeras instituições de todo o mundo. No Brasil, o PROADI-SUS no triênio 2018-2020 já desenvolveu 155 projetos de impacto nacional por meio de parceria com cinco grandes hospitais brasileiros. Fluxos de serviços de emergência, procedimentos cirúrgicos, assistência farmacêutica, prevenção e tratamento ao câncer são alguns destes projetos.
Este tema também é discutido regularmente por instituições internacionais, como o IHI (Institute Healthcare Improvement) no white paper Achieving Hospital-wide Patient Flow. E também pela AHRQ (Agency for Healthcare Research and Quality) e NHS (National Health Service). A melhoria contínua sobre os fluxos hospitalares é uma estratégia consolidada para garantir o acesso, segurança do paciente e a redução de custos.
Entretanto, mesmo diante de tantos esforços entre instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, condições de contrafluxo impactam negativamente os resultados. Condições de ineficiência estão espalhadas pelo hospital e são dores comuns de todos os gestores dos serviços de saúde.
Destacamos algumas destas situações:
- Readmissões hospitalar pela mesma causa;
- Retorno à UTI durante a mesma internação;
- Reoperação ou re-abordagem cirúrgica;
- Recoleta de exames laboratoriais;
- Desabastecimento ou estoques desnecessários de materiais e medicamentos
- Repetição de exames de imagem.
As implicações destes problemas acometem diretamente a experiência e segurança do paciente. Recente estudo do ano de 2020¹ avaliou 351.416 internações em 182 hospitais brasileiros. Na primeira passagem hospitalar a permanência de até 4 dias foi 80% dos pacientes com taxa de mortalidade de 2,2%. Entretanto, os pacientes com readmissão hospitalar até 30 dias a permanência hospitalar em até 4 dias caiu para 45,8% e a mortalidade subiu para 9%.
Outras implicações recorrentes relacionadas a falhas nos fluxos hospitalares são aumento do tempo de permanência, falhas no agendamento cirúrgico e represamento de altas. Todas estas condições impactam diretamente nos custos hospitalares e em perdas de receita.
As soluções necessárias para o gerenciamento efetivo dos fluxos hospitalares passam por modelo de gestão consolidado e tecnologias que deem suporte compatível aos desafios. Monitoramento de indicadores de processos e resultados são regularmente acompanhados e analisados.
Mas simplesmente analisar os números a partir dos limites de tolerância, histórico de resultados e benchmark são suficientes? O que você acha?
Taxa de ocupação de 82%, giro de leito de 1,2 com média de permanência de 4,3 dias. Estes dados são suficientes para a tomada de decisão?
Acredito que alguns insights já são possíveis, mas olhar a jornada do paciente a partir de diversas perspectivas é algo muito mais esclarecedor. Compreender o detalhe do perfil epidemiológico, serviços consumidos por linhas de cuidados e tempos de atendimento gera uma nova definição sobre modelo de gestão eficiente.
A tecnologia de mineração de processos utiliza os eventos registrados e disponíveis no prontuário eletrônico do paciente para a construção destas análises. Orientado para a descoberta, análise e monitoramento, a mineração de processos permite à análise de grande volume de atendimentos e de forma totalmente remota.
Observando os princípios do cuidado centrado na pessoa, a tecnologia de IA e process mining aplicada em centros de saúde permite também um olhar individual tanto para as necessidades dos pacientes quanto dos diferentes gestores.