Embora seja uma ação de grande importância, muitas instituições da área da saúde enfrentam dificuldades em estruturar e implementar um processo eficiente e orientado a evidências técnicas, parâmetros e critérios, que ajudarão a alcançar o melhor desfecho no tratamento. Nesse artigo vamos fala sobre como realizar a estruturação do protocolo de desospitalização de pacientes com base em dados.
Além de melhorar a experiência e qualidade no tratamento do paciente, podemos ver também esse processo como uma forma de reduzir custos, trazendo ganhos financeiros às unidades de saúde. Isso porque, ao promover maior segurança ao paciente ao retirá-lo do ambiente hospitalar, reduz a exposição a maiores riscos e eventos adversos, como infecções. Dessa forma, a instituição de saúde evita custos por readmissão e tratamentos desnecessários. Seu hospital já possui um processo de desospitalização estruturado?
O que é desospitalização?
A desospitalização é um processo que envolve a continuação do cuidado médico em um ambiente domiciliar, após a saída do hospital. Este método proporciona um tratamento mais humanizado que respeita as necessidades e opções do paciente e de sua família.
A desospitalização, principalmente quando apoiada por tecnologias de apoio, possui a capacidade de aprimorar a qualidade de vida dos pacientes, diminuir despesas hospitalares e disponibilizar mais espaço nas unidades de saúde, possibilitando a assistência dos hospitais a um número maior de pessoas.
Qual o objetivo da desospitalização?
A desospitalização tem como objetivo garantir um tratamento com excelência, evitando eventos adversos que podem ocorrer na instituição, como infecções. Dessa forma, a saúde não é agravada e possui maior probabilidade de melhora do quadro. A desospitalização é um processo que se precisa ser desenvolvido pelas organizações e, quando bem realizado, estruturado e medido, oferece um conjunto de garantias de qualidade e segurança ao paciente.
O tratamento domiciliar, ou serviço homecare, oferece uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, pois o paciente costuma ser menos resistente aos medicamentos e orientações. Além disso, no atendimento domiciliar ele sente maior apoio da família e conforto do seu lar. Esse tratamento pode ser feito também em clínicas familiares, com maior recorrência em casos de pacientes idosos.
Quais são os benefícios da desospitalização?
A desospitalização promove benefícios tanto para a instituição hospitalar quanto ao paciente. A monitoração de pacientes em ambiente domiciliar garante uma melhora mais rápida, já que evita a exposição a infecções e outras doenças. Já para as organizações de saúde, reduz significativamente os custos do atendimento e melhora o giro de leitos.
Pode parecer irônico que o paciente terá uma recuperação mais eficaz em casa, já que não estará contando com toda a estrutura física do hospital, mas pesquisas mostram o contrário. Para o paciente, estar longe dos ambientes hospitalares aumenta a chance de recuperação, uma vez que ele pode contar conta o apoio da família e o conforto da sua própria casa, que contribuem para o seu bem-estar mental. Pesquisas apontam ainda que pacientes que passam pela internação domiciliar possuem mais estabilidade mental e física do que pacientes internados por longos períodos.
Essa experiência positiva ao paciente por si só já traz benefícios ao hospital, reduzindo as chances de judicialização e retorno do paciente. Além disso, o processo de desospitalização promove a redução de custos para a instituição, uma vez que diminui os gastos nos processos – assistenciais e de apoio – e eventuais tratamentos durante a internação.
Como implementar um protocolo de desospitalização?
Para implementar um protocolo de desospitalização eficiente, é necessária a atuação de um time de alta performance dos profissionais multidisciplinares e ferramentas adequadas que possam auxiliar na identificação de oportunidades de desospitalização.
A equipe assistencial responsável pela alta hospitalar deverá identificar os pacientes com maior probabilidade de hospitalização prolongada já na admissão, mapear riscos e resolvê-los, a fim de evitar eventos adversos que podem impactar negativamente no tempo de permanência.
O time discutirá ações para diminuir o tempo de internação, levando em consideração a qualidade do atendimento ao paciente e a redução de custos do tratamento. É importante deixar claro que aspectos sociais e econômicos também deverão ser considerados, como um espaço domiciliar adequado e a presença de um membro familiar responsável pelo acompanhamento.
É de suma importância que o time tenha os recursos suficientes para realizar essa análise, como uma boa comunicação entre as equipes e uma estrutura tecnológica que facilite a monitoração orientada a dados, permitindo melhores resultados em tempo de permanência, giro de leito e volume de altas, como um suporte a análise eficiente de fluxos de pacientes.
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Desospitalização orientada por dados
Segundo dados do Observatório da ANAHP 2022, o tempo de permanência de uma população entre 30 a 44 anos é de 3,10 dias. Já em pacientes acima de 75 anos, o tempo de permanência sobre para 18,45 dias. Analisar esses dados na instituição é um dos passos para estruturar uma estratégia de desospitalização eficiente.
Porém, interpretar indicadores durante a jornada do paciente tem sido um desafio para diversas instituições. A falta de dados claros para apoio a tomada de decisão dos gestores se torna um impedimento para a estruturação de um processo eficiente. Nesse sentido, muitos gestores dos serviços de saúde não possuem as informações necessárias para estruturar processos eficientes, como o de desospitalização.
A tecnologia agrega inteligência à tomada de decisão dos hospitais, permitindo que as organizações estabeleçam um protocolo de desospitalização mais coordenado e seguro para o paciente. Munir-se de dados e informações e ter maior entendimento sobre métricas e indicadores hospitalares é a base para que esse trabalho seja feito da melhor maneira.
Soluções como ERPs, CRMs e prontuários eletrônicos podem ser uma boa porta de entrada para que o hospital tenha um acesso digitalizado às informações do paciente, mantendo todos os profissionais na mesma página em relação aos cuidados. Essas ferramentas, combinadas a outras soluções, irão garantir que a equipe assistencial consiga compilar dados para entendê-los e criar soluções para gerenciar os protocolos de desospitalização dos pacientes.
A orientação por dados garante a estruturação de processos hospitalares cada vez mais eficientes, assegurando a qualidade e segurança do atendimento ao paciente, melhorando sua experiência. A desospitalização é uma tendência mundial de cuidado humanizado, e instituições que souberem implementar essa estratégia, obterão resultados cada vez melhores.
Além disso, um processo de desospitalização guiado por dados colabora na redução de custos a partir da avaliação do tempo de permanência dos pacientes, identificando a causa raiz do tempo excedente e os desperdícios ao longo da jornada. Essa monitoração permite que a instituição hospitalar atue na antecipação de altas seguras. Veja no tópico abaixo como alguns cenários podem ser impactados positivamente nesse sentido.
Redução do tempo de permanência
Muitas instituições hospitalares enfrentam desafios no controle do tempo de permanência dos pacientes, assumindo custos que poderiam ser evitados por conta dos dias excedentes. A SIGTAP, Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS, indica o tempo de permanência recomendado para os pacientes conforme os procedimentos necessários e condições clínicas.
Em caso de pacientes com plano de saúde privado, também existe uma definição do tempo e custo recomendado para cada procedimento, geralmente negociado entre operadora e instituição hospitalar. Um dos propósitos da desospitalização é justamente controlar e diminuir esses tempos e custos.
Para suprir essa necessidade, hospitais e clínicas iniciam um projeto de desospitalização a partir da estruturação de escritórios de altas, formados por equipes que possuem o objetivo de identificar pacientes que podem ter sua alta antecipada, desde que com segurança.
Além disso, essas equipes devem identificar quais são os casos que possuem maior probabilidade de hospitalização prolongada já na admissão do paciente, mapeando seus riscos e resolvendo-os. Para acelerar o processo, a equipe deve discutir ações para diminuir os tempos, levando sempre em consideração a qualidade na jornada.
Entretanto, o processo de desospitalização pode ser ineficiente se a equipe não possuir os recursos necessários para realizar o monitoramento dos casos e atuar na redução dos tempos médios de permanência em cada uma das diferentes especialidades e condições clínicas.
Otimização do giro de leitos
Outra ineficiência comum em instituições hospitalares é a falta de previsibilidade na disponibilização de leitos entre as diferentes especialidades médicas e condições clínicas de cada paciente. O tempo de permanência impacta diretamente na disponibilização desses leitos, uma vez que o uso para novos procedimentos eletivos ou emergenciais é impedido.
A disponibilidade de leitos hospitalares está diretamente ligada a competitividade e lucratividade em um serviço de saúde, já que, se os leitos estiverem disponíveis, mais procedimentos poderão ser realizados com os mesmos recursos. Com base no conceito de Lean Healthcare, podemos otimizar o uso da capacidade instalada. Nesse contexto, a desospitalização busca identificar quais são os pacientes que podem ter sua desospitalização priorizada. Essa estratégia visa reduzir os custos assistenciais e otimizar o ciclo de receita.
Redução de desperdícios com desospitalização
A análise da jornada do paciente pode revelar ineficiências comuns em todos os casos da especialidade ou de qualquer procedimento da instituição, como desvios, gargalos e retrabalhos. Ou seja, problemas que impactam diretamente no custo total do atendimento. Ao identificar de forma automatizada os desperdícios existentes no percurso assistencial, as equipes podem agir na eliminação desses, trazendo maior eficiência operacional na jornada, melhorando os processos e reduzindo custos hospitalares.
As soluções tecnológicas, se integradas, conseguem fazer a descoberta da realidade da jornada do paciente a partir do mapeamento de processos, identificando ineficiências no percurso. Com simples navegação e exploração é possível obter insights para a melhoria contínua dos processos e ganho de eficiência no projeto de desospitalização, trazendo ganhos em produtividade e redução de custos para hospitais e clínicas.
UpFlux Process Mining na desospitalização
Colaborando na compreensão desses dados, a tecnologia de Process Mining na saúde atua transformando em conhecimento os dados presentes nos mais diversos sistemas de informação. O mapeamento da jornada do paciente e a análise por diversas perspectivas são dois dos fatores que contribuem para uma estruturação de processo eficiente, servindo de apoio à tomada de decisão dos gestores de saúde.
Muito mais do que um sistema de Business Intelligence, a Mineração de Processos vai muito além de indicadores: ela mapeia processos a fundo, identificando tempos, gargalos, desvios, retrabalhos e desperdícios. Essa análise pode reconhecer diferentes populações para identificar os maiores ofensores de custos, como tempo de permanência e serviços consumidos.
A solução de Process Mining da UpFlux se estrutura sobre três pilares: descoberta, análise de conformidade e otimização. Assim, de maneira objetiva, a plataforma faz um mapeamento dos processos hospitalares, analisa sua conformidade e sugere melhorias, dando 100% de transparência dos processos para a gestão e equipe assistencial.
A solução possui ainda integração com a SIGTAP, DRG e diversos ERPs, para agregar ainda mais inteligência às análises feitas pelos profissionais de saúde. De maneira prática, a plataforma notifica o usuário sempre que um paciente estiver próximo a sua alta prevista. Além disso, a ferramenta também faz alertas em tempo real sempre que houver um evento não previsto em sua jornada, problemas estes que podem impactar no tempo de permanência. Assim, a equipe pode atuar e corrigir as ineficiências de forma ágil.
Recentemente a UpFlux realizou uma live em parceria com a Eficiência Hospitalista e a CBA – Consórcio Brasileiro de Acreditação, abordando como estruturar um processo de desospitalização eficiente e orientado a dados, se tornando uma estratégia de redução de custos. Confira abaixo.
A plataforma de Mineração de Processos da UpFlux colabora com protocolos de desospitalização a partir da identificação da causa raiz de ineficiências, custos e diárias excedentes. A ferramenta identificou R$1,5 milhão em oportunidades de redução de custos no Hospital Unimed São José do Campos no primeiro mês de aplicação. Em outro caso, mapeamos também R$365 mil em desperdícios em apenas uma linha de cuidado.
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